segunda-feira, 18 de maio de 2009

La Casa Borícua

Joooder! Ostias!! No lo puedo creer!

Fazendo justiça à fama de croniqueira de viagens, conto-vos que estive em Puelto Lico, o que já não é novidade para ninguem. A novidade está em que não parou de chover e tive frio! Frio! Para além de não ter encontrado puertoriqueño que me aquecesse, depois do primeiro dia de calor, não parou a tormenta. E não dancei. Parece sina ou castigo. 10 dias em Cuba e salsa, só ouvida no corredor do hotel. 10 dias em Porto Rico e salsa, só nos corredores do supermercado.

E ainda mais ESTA

A aventura começou ainda em Portugal. O táxi marcado na noite anterior não aparece. Vai de ir rua acima e rua abaixo, a procura de um táxi, evitando a todo o custo as cagadelas dos pombos para não sujar nem as malas nem os sapatos.

Chego por fim ao aeroporto. Tem o ESTA? Não, não tenho - diziam que não era preciso imprimir a autorização de entrada nos EUA porque fica no sistema. Não posso deixá-la fazer o check-in sem o ESTA. Mas eu tenho o ESTA. Mas eu tenho que vê-lo em papel. Mas eu não tenho o papel. Não pode fazer o check-in. Tenho que fazer o check-in. Pode ir a casa buscar o papel. E o avião espera por mim? Não. Entao não posso ir a casa. Entao não pode fazer o check-in. Acabaram por me cobrar 20 euros por ESTA merda, para fazer um papel novo que só foi preciso em Portugal.

Se não deixei que um porco constipado que me impedisse de viajar, também não ia ser uma lesma ensonada que se ia meter no meu caminho.

Coño... e onde se meteram todos?

Chego a Porto Rico onde se supõe um comité de boas-vindas efusivo. Nada. Depois de passar uma hora no controlo a subornar o polícia com pastéis de nata para que não me ficasse com as garrafas de vinho do porto, nada. Depois de ver todas as entradas e saídas do aeroporto, nada. Resolvo ligar. Os telemóveis não funcionam. Nada. Espero. Nada. Comeco a ler as placas a minha volta para ver se não me tinha enganado no país. Nada. Salvou-me um chico guapo que me emprestou o telefone.

Por telefone fiquei a saber que a casa para onde ia ficava a hora e meia de distância de San Juan... no sul... no campo... no meio das cabras... e das putas das rãs que não se calam a noite toda. Rã que aqui se chama rã coqui e que já tem estatuto de vaca sagrada. Coqui porque é o que passa a noite toda a chilrear, grasnar ou cantar, dependendo da quantidade de vinho do porto que se tenha tomado.

Ai Mama! Que flaca!

Porto Rico é o exemplo de América Latina mais lavadinha que já vi, ou melhor, que já cheirei. E a mais obesa. E a mais América do Norte. Desde um McDonald's e um Burguer King a cada esquina, ao talk-show da manhã, dedicado ao suicídio e às depressões, patrocinado pelo Panadol, à esquizofrenia do controlo policial. Não havia sítio onde fosse onde não me perguntassem tudo, até que comecei a dizer quanto calçava, qual o meu prato favorito e que cor-de-rosa não me fica lá muito bem. Apesar de ser cara, descaracterizada, a ilha tem muito boa gente. Conquistavam o meu coração quando me perguntavam vezes sem conta, como é que consegues estar tão magra?? Além do sorriso, até a celulite se esticava toda. Adoro-te Porto Rico!!!

Quero ficar de quarentena!

Só me senti verdadeiramente borícua quando dei por mim a enfardar batatas fritas com coca-cola às 11h00. No único dia que consegui ir à praia, pavonear as estrias europeias e espalhar a minha crise dos 30 por águas caribenhas. Mas mais uma vez, aprendo mais com as partidas e com os regressos. Parece que há uma nova estirpe de vírus mexicano, com pelo menos 2 casos confirmados em Portugal. Consequências graves, uma vez que os dois tiveram morte súbita. Este vírus dá pelo nome de cobardia que degenera em aldrabice crónica e que mata. Mata qualquer vontade em mim de olhar para os seres enfermos. Depois de descobrir que tanto o mexicano, que ainda há uns dias cortava as veias, fazendo-me promessas de amor eterno, como os dois protagonistas da sequela portuguesa, têm casamento marcado, resta-me a pergunta: amigos, tenho cara de idiota?

Já deixei de roer as unhas e já uso saltos altos. Isto, só por si, já me devia dar o livre-trânsito para o mundo dos adultos. O que safa aqui esta princesa é que nunca foi de príncipes encantados (não que não vos goste de ver em collants), nem de cantar ou ir em cantigas. Também nunca foi apologista de toda a verdade, de grandes verdades. Toda a verdade pode ser crueldade. Mas e umas pequenas verdades, hein?

Mas há-que não generalizar. E da mesma forma que o tempo nos mostra tudo que precisamos saber, também nos dá a conhecer pessoas especiais. Adultos ou crianças. Um adulto na partida e uma criança no regresso. Um dos 9 cogumelos vai ser baptizado. Vou ser madrinha. Espero não traumatizar a criança. O que vale é que já tem idade para não se engasgar com água benta.

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