domingo, 25 de setembro de 2011

Estas viagens de mota dao cabo dos pés

Tracia I - Bucareste
O dia começou certo. Começou e parecia que nunca mais acabava. Depois do voo Lisboa – Milão esperavam-nos 6 horas de escala nocturna em Malpensa. Mal pensava eu que seriam 6 horas a rebolar no chão do aeroporto, ao som do alarme de incêndio, versão italiana, mesmo quando anunciavam em inglês.  Pela manhã, assim que o avião Milão – Bucareste levantou voo, aterrei eu, no mais profundo sono, a vingar o frio e o desconforto das horas passadas. 
Ainda consegui ler duas páginas da revista aérea e ter tempo para saber que segundo a easyjet, um dos melhores restaurantes de Lisboa, que vale mesmo a pena ir, é um alemão… consola-me ainda na mesma página saber que Lisboa parece ser a segunda cidade europeia mais antiga, a seguir a Atenas.  Se a ordem então está correcta, se a seguir ao gregos somos nós, a seguir… já não consegui ir à net procurar quem são os próximos a falir.
Bucareste. Vista de cima não faço ideia de como é pois vinha a dormir. Vista de baixo, ainda que o nome venha de alegria, as pessoas não o demonstram.  A cidade é  bonita. Muito edifício bonito e lavadinho. As romenas também o são. Os romenos nem por isso.
Outra conclusão que se pode tirar é que estas viagens de mota dão-nos cabo dos pés. Contabilizadas até ao momento 3 bolhas 2 na planta, 1 num dedo, mas tudo em pé alheio e tudo em quilómetro e meio,  do autocarro até hotel, debaixo de muito sol e (muita) bagagem. Finalmente o hotel. Tem a reserva. Sim. Tem elevador. Não. Os quartos são em baixo. Não. Temos que subir. Até ao 4 andar.
Tentamos encontrar o palácio absurdo de Ceausescu. Absurdo de grande, enorme, gigante, fechado. Passa da hora e amanhã também não abre. Culpa do táxi que só conseguimos mandar parar 2 horas  e 2 quilómetros arrastados a pé depois. Entretanto treino o meu romeno com quem vou encontrando, ao mesmo tempo que os tento evangelizar no português. Sempre arranco uns sorrisos e até agora ninguém se ofendeu.
É suposto Bucareste ser a Paris de Leste. Se for, encontrei uma festa da cerveja e da salsicha em plenos Champs Elysées! Não há torre Eiffel nem baguetes debaixo do braço, mas é uma cidade que tem vida e onde se vive. À passagem olha-se para os emaranhados junto a todos os postes. São ninhos? Não. São novelos desgovernados de cabos eléctricos que atravessam as ruas e a paisagem.
Amizade com família cigana que tenta atravessar a estrada com 6 vias e 2 separadores centrais com um carro de supermercado cheio de barras de metal pesado, desmanteladas de um qualquer objecto. Falamos espanhol. Esteve lá 3 meses e a menina já sabe falar. Pergunta-me quanto custa o aparelho dos dentes. Caro. Despedimo-nos. O cigano já ficou com o chinelo debaixo do carro.
As motas por fim chegam. A logística do costume é feita de noite. O cansaço sobe até ao quarto andar e dorme.

Sem comentários:

Enviar um comentário