terça-feira, 23 de setembro de 2008

Menina má - O regresso anunciado

Menina má

Regresso sempre com a vida em perspectiva. Não sei se é porque lá fora me incha o ego, se porque me afasto destes dias em que me tornei naquilo que não queria e que sempre critiquei. Sem tempo para os amigos e família, ainda que estejam quase todos num raio de 30 quilómetros ou a 30 segundos de uma chamada. Tenho sido má filha, má irmã, má tia, má amiga, má vizinha, má, ponto. Totalmente alheada das vidas alheias, que muito prezo e das quais não queria perder nem uma reticência, espero muito que me perdoem o retiro. Desculpem-me.

À menina e ao portátil, manda Deus escada abaixo

Entretanto, aliviem-me as vossas sentenças porque já comecei a pagar pelas más acções. O anjinho da guarda que está ao serviço no turno da manhã, além de vesgo é trambolho, e em vez de me pôr a mão por baixo, vai de me mandar escada abaixo. Para quem conhece o palácio aqui da princesa de Alcântara, sabe que a preocupação era não ir de coroa ao mármore, missão bem sucedida mas que me valeu a medalha de ouro em acrobática. Não, não estava borracha. Eram 10 horas da manhã, atrasada como sempre, portátil como sempre, saltos altos como sempre. Estatelada no chão como sempre. Valeu-me meia hora de choro compulsivo, nódoas negras sabe-se lá onde, três semanas sem ir ao ginásio, um braço a dar para o deslocado e um andar no mínimo, suspeito. Mas as unhas... intactas!

Atenas nas alturas, glória a nós e à pasta de azeitona

Passados quatro anos, um ciclo olímpico inteiro, voltei a Atenas. Quer dizer, voltei a sobrevoar Atenas. Mas como nem só de Atenas vive a Grécia, fui para Marathonas. No percurso de táxi já ia a pensar se de facto não seria melhor armar-me em Fílipedes, agarrar nas perninhas e fazer-me a 42 quilómetros de estrada. Não fossem os 40 quilos de folhetos publicitários que carregava pelo braço deslocado, mais os 15 da bagagem, haviam-me de ver a mandar o taxista dar uma curva à acrópole mais próxima.

Não foi contra os persas, mas também acabei a estadia com uma vitória e a espernear VENCEMOS! Vencemos (Portugal) o processo de candidatura à organização do campeonato da europa. Não caí morta como reza a história, mas ficou-me um misto de vaidade com "agora é que estou f******".

À conta de três noites de bar aberto, estendi o leque das relações internacionais. De Israel, aprendi que gosto de Portugal. Saio para o supermercado com a certeza que volto a casa, que o único perigo é servir de alvo a um pombo incontinente. Da Alemanha, que nem todos os alemães são loiros, engomados e desenxabidos. Que na Sérvia têm as piores frases de engate: - You have something in your eyes... - Yeah... I do. Make-up. Da Grécia, se há coisa que me encanta neste país, é a pasta de azeitona.

Não tenho dinheiro para a açorda

O que fazer quando em pleno jantar alguém te diz, "dou-te a minha password" e tu percebes "não tenho dinheiro para a açorda"?... posso garantir que o resultado é de ir às lágrimas e que lamento, amigo, esta junta-se aos clássicos. De ti terei sempre duas recordações: a açorda e o sair às 7h00 de uma tenda algures, há talvez 14 anos atrás e ficarmos a falar, regados a medronhos e sandes de feijão, os 3. Eu, tu e o teu amigo imaginário.

Perseguições

Na vida há coisas que me perseguem. Sejam elas a celulite encrustrada, relações virtuais, ou crises intestinais cada vez que mudo de ares. Mas por favor, deixem de cuspir ao alcance dos meus olhos ou de se bufarem ao alcance do meu nariz. Já agora, por favor não se cocem em público ou pelo menos não enfiem a mão no traseiro e não cheirem a seguir. E não mijem à porta do meu escritório. E por favor, quando estiver a jantar e a tentar beber uma bela cerveja com espuma, não imitem um pato donald a pigarrear-se todo com gosma na garganta, sucessivamente de 4 em 5 segundos. Fica o pedido feito aos passageiros do voo Madrid - Lisboa, aos colegas de trabalho, aos clientes da Lusitânia, aos habitantes da Prior do Crato e aos paquistaneses das Docas.

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