domingo, 31 de agosto de 2008

Rayuela - O Jogo da Vida

Tenho uma nova paixão. É verdade, traí-te. Troquei-te Gabriel, pelo Julio. Há muito que o deslumbramento pelos teus cem anos de solidão tinha acabado. Vivia apenas das tuas putas tristes, das tuas memórias, que nunca consegui digerir. A capa tem o jogo da macaca mas optaram por lhe chamar o jogo da vida. A fazer lembrar os livros de aventuras, saltamos de capítulo por uma ordem que nem sempre nos parece a correcta. Será então aí o jogo da vida. Podemos escolher como o queremos ler, há textos inteiros que não percebemos nada, há partes que nos fazem sorrir, rir, que nos levam às lágrimas. Outras que nos deixam um estremecimento absurdo porque é mesmo aquilo que sentimos e nunca o conseguimos expressar por palavras, afinal tão simples. Outras ainda em que nos aborrecemos e só queremos virar a página. Há também aquelas que nos tocam na pele, numa pele que bem podia ser a nossa.

Foram precisos 45 anos para que chegasse a Portugal. Não entendo. Se se lembram de algo escrito quando andava a primeira vez pelo México, Cortázar, argentino, foi-me apresentado por um porto-riquenho, que ficou de boca aberta por não o conhecer, por não ter ideia da dimensão da sua obra, do seu génio. Não tinha mesmo. Estou apenas a começar. Terás com toda a certeza muitos defeitos, não te prometo o amor eterno, e tão pouco fidelidade, mas enquanto não quebrares o encanto, vou-te descobrindo, vou-te lendo. Ainda que por vezes em gíglico, língua própria dos dois amantes centrais.

Jogo da macaca, na versão argentina, na rayuela, a primeira casa é chamada a "Terra", a última o "Céu".

Um pequeno capítulo, na voz do autor.

http://www.youtube.com/watch?v=OzvEZ4LBg_g

Sem comentários:

Enviar um comentário